Convertera-se
em musicista...
Não
frequentara os melhores conservatórios musicais ou escolas... Apenas permitia
que suas mãos fossem provocadas e levadas por uma força que emanava como um
fluxo de águas indomáveis de dentro de si mesma... Eram dias de calar a razão, escamotear
a objetividade, dias para se sentir o sentido... A partitura, sempre a mantinha
escancarada e desnuda diante de si, e produzia lindas músicas até então jamais
ouvidas. Variava os instrumentos, mesclava tonalidades, ritmava e quando desejava
transpor limites fazia uso de estilos considerados imiscíveis, densidades
diferentes... Misturava-os, optava pelo exótico, pelo novo... Transbordando ousadia
quebrava a forma, desmantelava conceitos, inovava e refazia... A temporalidade
desfazia-se, ela apenas queria produzir, fazer música... Singular e única, as
notas musicais que usava eram suas criações, símbolos estranhos ao alheio,
incompreensíveis... Embora desconhecida por muitos, enquanto forma, e irreproduzível
por todos sua música causava espanto e surpresa... Em alguns ela soava como
canto angelical, outros pareciam escutar o prelúdio do apocalipse... Contraditória,
SIM! Sua existência era música, envolta em beleza e arte... As notas musicais
eram suas, ela as compreendia e isso lhe bastava... Escolherá a incompreensão
de alguns e o entendimento de poucos... Mas extasiava-se, por deslumbrar o quão
belo e aprazível era fazer-se a si...
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