quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Maestrina


Convertera-se em musicista...
Não frequentara os melhores conservatórios musicais ou escolas... Apenas permitia que suas mãos fossem provocadas e levadas por uma força que emanava como um fluxo de águas indomáveis de dentro de si mesma... Eram dias de calar a razão, escamotear a objetividade, dias para se sentir o sentido... A partitura, sempre a mantinha escancarada e desnuda diante de si, e produzia lindas músicas até então jamais ouvidas. Variava os instrumentos, mesclava tonalidades, ritmava e quando desejava transpor limites fazia uso de estilos considerados imiscíveis, densidades diferentes... Misturava-os, optava pelo exótico, pelo novo... Transbordando ousadia quebrava a forma, desmantelava conceitos, inovava e refazia... A temporalidade desfazia-se, ela apenas queria produzir, fazer música... Singular e única, as notas musicais que usava eram suas criações, símbolos estranhos ao alheio, incompreensíveis... Embora desconhecida por muitos, enquanto forma, e irreproduzível por todos sua música causava espanto e surpresa... Em alguns ela soava como canto angelical, outros pareciam escutar o prelúdio do apocalipse... Contraditória, SIM! Sua existência era música, envolta em beleza e arte... As notas musicais eram suas, ela as compreendia e isso lhe bastava... Escolherá a incompreensão de alguns e o entendimento de poucos... Mas extasiava-se, por deslumbrar o quão belo e aprazível era fazer-se a si...

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