Politizar-se é reconhecer os
atravessamentos inúmeros que nos compõem, configurando modos de vida e formas
subjetivas. Percebê-los como históricos, não naturais e passíveis de
modificações, encontrando nestes domínios os lugares da subversão e contestação
que acionam outros modos para o viver, compatíveis com a dignidade humana.
Politizar-se não é aderir a partidarismos, mas permitir-se incomodar e fomentar
movimentos políticos, que não dependam de filiações, mas de inovações que se
processão no cotidiano, na reinvenção do viver e percepção de um corpo político,
ativo e capaz protestar e difundir no real potências criadoras.
domingo, 9 de dezembro de 2012
quarta-feira, 21 de novembro de 2012
Fragmentos...
E quando as palavras me faltam, confesso-me em
um silêncio-desamparo e recorro as neologias, que teço sem prudência,
não para me fazer compreendido, mas para dar vazão a essa força
incomensurável que tenho no peito, que hoje só mais faz querer vivar a
vida em seu instante máximo de prazer, dor, felicidade e tristeza... Não
me concedo dias vagos!
Há uma frouxidão entre o corpo e a alma,
promiscuidade intensa e ao mesmo momento ausência de sintonia entre
ambos... Entre o querer e o desejo existe uma realidade nó, e tão pouco
quero desfazê-la. Lanço-me por crer que viver não serve a nenhuma lógica
da razão, fecho os olhos para contemplar o mundo, e quando penso que já
me reconheci por completo, dou conta que nem se quer me senti em
totalidade.
Não escrevo sobre linhas retas, ultrapasso-as,
e sem nenhuma intenção prévia faço esboços tão ousados, que se mostram
com arte imprópria... Recomponho palavras, e opto por rimas mudas e
conjunções confusas, instigantes, românticas e libertárias... Vou me
perdendo na ausência de estrofes e explorando estéticas efusivas, sem ao
menos perceber já me escrevi, meu movimento fundante é a liberdade,
essa que não é essência, mas ato, de questionar a vida, quando toda sua
potência é amortecida na inexpressividade de não ser singular!
quinta-feira, 15 de novembro de 2012
Desencontro
E quando o discurso caiu, a vida
veio como um fluxo intenso, força inominável, qualidades diversas, sensações
plurais... Se foi farsa ou engano, não se pode afirmar... Provavelmente um importuno
desencanto, tangido por valores superficiais e frívolos... E para se renascer
não é preciso morrer, os deuses ressuscitam os homens renascem! Foi no
desencontro com aquilo que me era tão comum, que me expandi e encontrei uma
verdade fresca, tão provisória o possível, pois quando ela se mostrar imprópria
ao viver intenso, cairá!
Inconclusões
Escrevo para aliviar-me de mim!
Não por desistência ou abandono, a fuga é momentânea, tão logo me cubro de
desculpas, vou revelando-me sem ao menos perceber que sou eu quem me denuncio.
E quando penso que meu pecado maior é não saber calar a alma, descubro que falo
para surdos, e recebo um perdão divino que mais se parece com castigo. Na
insuficiência do que fui, na árdua arte-brincadeira de ser e na incerteza do
que posso vir a ser, assumo as culpas, e vou encontrando os prazeres e delícias
da incompetência de viver sem compromissos prévios. Quando não me reconheço
como senhor de minha história, sobrevivo pelos dias... Se ainda não sei morrer,
me vivo pela metade!
Vou revirando meus segredos,
velados até mesmo de mim, buscando despir-me de falsas verdades que criei para
sustentar-me em terrenos áridos... E não
me sacio, somente tenho em mim exacerbada essa vontade, tão próxima da
loucura... Libertar-me de não sei o quê, talvez, de mim mesmo!
domingo, 26 de agosto de 2012
Temporalidade
fatídica, mediada e regida pela lógica do “ter” e do acumular, aprisionando a
multiplicidade na unicidade, convertendo existências em eventos com início,
meio e fim, demarcados e previsíveis. Que meus dias sejam sustos e imprevistos,
que forcem o pensar a sair das trilhas e revoltosamente recriar.
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