E quando as palavras me faltam, confesso-me em
um silêncio-desamparo e recorro as neologias, que teço sem prudência,
não para me fazer compreendido, mas para dar vazão a essa força
incomensurável que tenho no peito, que hoje só mais faz querer vivar a
vida em seu instante máximo de prazer, dor, felicidade e tristeza... Não
me concedo dias vagos!
Há uma frouxidão entre o corpo e a alma,
promiscuidade intensa e ao mesmo momento ausência de sintonia entre
ambos... Entre o querer e o desejo existe uma realidade nó, e tão pouco
quero desfazê-la. Lanço-me por crer que viver não serve a nenhuma lógica
da razão, fecho os olhos para contemplar o mundo, e quando penso que já
me reconheci por completo, dou conta que nem se quer me senti em
totalidade.
Não escrevo sobre linhas retas, ultrapasso-as,
e sem nenhuma intenção prévia faço esboços tão ousados, que se mostram
com arte imprópria... Recomponho palavras, e opto por rimas mudas e
conjunções confusas, instigantes, românticas e libertárias... Vou me
perdendo na ausência de estrofes e explorando estéticas efusivas, sem ao
menos perceber já me escrevi, meu movimento fundante é a liberdade,
essa que não é essência, mas ato, de questionar a vida, quando toda sua
potência é amortecida na inexpressividade de não ser singular!
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