Desconhecemos seu valor
benéfico e a tememos por acreditarmos ferrenhamente que ela representa a
exclusão ou a indisposição de outrem a inclinar-se aos nossos anseios e aspirações,
de tê-los em presença corpórea, satisfazendo-nos, enquanto objetos físicos
imersos em desejos.
Estar só nos permite estar
intimamente em contato com o nosso eu. Relacionar-se consigo mesmo, manter um
contato intenso com nossos temores, com nossa essência, que se reconfigura a
cada nova vivência, com nossos sonhos e objetivos... Enfim, com nossa
existência. Não queremos estar só, pois corremos o risco de presenciarmos o “nada”,
a ausência de um sentindo, de uma significação que seja forjada por nossa
própria atividade sobre o mundo.
A solidão nos permite
escutar o inaudito, o brado do ser, que se encontra oprimido e cerceado por uma
série de “artifícios” que lhe foram impostos, para a conformação de sua existência,
em padrões que lhe são externos.
Os momentos de solidão mesclam
a angústia de fazer a si e a beleza de reconhecer-se nessa tarefa nobre e
primordial.
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